Henrique
Inglez de Souza
Qual
é o melhor baixo, o ativo ou o passivo? Essa é uma pergunta
recorrente, para a qual a resposta mais adequada seria algo como: os
dois! Sim, e se você se espantou com isso, a explicação está no
simples fato de que depende do gosto de cada um. Ambos têm
qualidades e limitações.
Baixos
Passivos
Esse
é o tipo com o som considerado mais puro e definido. Reproduz
exclusivamente o timbre resultante da combinação de seus
componentes (como madeira e captadores, por exemplo) e de sua
construção.
Seus
controles regulam volume e tonalidade, costumeiramente um knob para
cada. A perda de sinal e as variações de impedâncias de entrada de
cada amplificador produzem pequenas diferenças no som. No mais, é
um instrumento direto e sem mistérios quanto ao timbre.
“O
baixo passivo é tido como o mais tradicional, às vezes, até o
jeito mais autêntico de se ter a sonoridade natural do instrumento”,
explica Jean Mendes. “A captação funciona diretamente, sem
qualquer aditivo ou correção na frequência. Trata-se de um projeto
absolutamente simples.”
Mas
o que esperar de um instrumento assim? “Em primeiro lugar”,
continua o luthier, “uma boa captação, que, além de timbre
orgânico, apresenta baixo ruído – o ruído é uma característica
de captação passiva. Espera-se, ainda, uma construção de
qualidade, tão essencial quando a parte elétrica.”
Baixos
Ativos
A
olho nu, diferenciamos ambos os tipos, por exemplo, pelo número de
knobs, que é maior num ativo (normalmente regulam graves, médios e
agudos). Porém, a principal característica de um baixo ativo está
no pré-amplificador.
O
pré-amp é um recurso composto por circuito eletrônico e
potenciômetros. Para que funcione, precisa ser alimentado por uma
bateria (9 volts ou 18 volts) – e, sim, quando a bateria se
descarrega, o baixo para de funcionar!
Embutido,
há um sistema de equalização de 2 bandas (graves e agudos) ou 3
bandas (graves, médios e agudos). Cada frequência predefinida conta
com um potenciômetro dedicado à regulagem de ganho, cortando ou
acrescentando (cut/boost).
A
função do pré-amp é corrigir e/ou modelar o timbre. Por isso, o
som do baixo ativo costuma ser mais artificializado, “pronto”, se
comparado ao de um passivo. Além do alto ganho, os captadores ativos
apresentam pouco índice de ruído (ou até nenhum ruído).
Dá
para identificar três tipos básicos de configuração em baixos
ativos:
-
Captador ativo + circuito passivo de potenciômetros (volume e
tonalidade)
-
Captador ativo + pré-amplificador ativo (equalizador)
-
Captador passivo + circuito ativo
A
captação ativa, normalmente, é construída com ímãs cerâmicos.
Tem em sua composição bobina e um circuito de pré-amp embutido,
com regulagens fixas de timbragem (assim como o pré-amp, precisa de
bateria).
Quando
combinados captação ativa e pré-amp, ganha-se em opções de
timbres. Ou seja, além dos aspectos do captador (alto ganho e baixo
ruído), o instrumento conta com um sistema de equalização.
Também
é possível encontrar versatilidade quando se mistura captação
passiva com pré-amp – layout usado atualmente pela Mendes
Luthieria. Na verdade, essa é a forma mais comum nos dias de hoje e
a mais versátil, pois há um sem-número de captadores magnéticos
para se escolher – cerâmico (ferrite), alnico, neodímio, samário
cobalto.
Essa
configuração possibilita uma gama considerável de sons e níveis
de saída. Imagine, então, com ganho maior e ajuste de timbre. Outro
recurso interessante dessa combinação (captação passiva+pré-amp)
está na chave seletora de by-pass – a famosa chave ativo/passivo.
Com ela, consegue-se, em um mesmo instrumento, tocar na versão ativa
ou na passiva (desativando o pré-amp).
“Há
casos em que vemos o baixo ativo sem o circuito equalizador, só com
captadores ativos. Hoje é raro, mas há configurações assim”,
completa Jean Mendes.
Tem
um tipo melhor, ou não?
Não!
Como dito, tudo irá depender do gosto de cada um. O que ocorre é
que, em modelos mais baratos, a diferença entre ambos os tipos tende
a ser berrante. Se o passivo preserva o som natural, o ativo e suas
variadas regulagens de som podem decepcionar pela má qualidade
saindo dos falantes.